Leia o livro “Liberto da Religião”

de Paulo Bitencourt

Prefácio

Imagine, caro leitor, alguém lhe contar uma história fantástica, dizendo que, se nela acreditar, você será criticado por crer no que o mundo considera loucura, mas que isso deve fazer você feliz, pois você estará sendo vítima de perseguição, o que prova que essa história é verdade e que você faz parte dum seleto grupo de privilegiados. Assim que acredita nessa história e se sente escolhido, você é advertido de que, exatamente como aqueles que a consideram loucura, sofrerá graves consequências, caso dela duvide.
Uma maneira bem astuciosa de fazer você bloquear todo pensamento crítico e rechaçar o que quer que possa induzi-lo a submeter essa história a escrutínio racional, não é mesmo?
Isso, caro leitor, chama-se religião. Nos países em que por séculos essa história vem sendo passada de geração a geração como sagrada, ela está tão profundamente enraizada que faz parte de sua tradição e cultura. Deste modo, não é de admirar que, desde o berço, milhões de pessoas sejam ensinadas a vê-la como verdade universal incontestável, o que causa condicionamento da mente e resulta num automatismo religioso que impede a maioria delas de parar para se perguntar se essa história faz sentido e nela acreditar é sensato e necessário.
Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que tomam como ofensas as críticas a suas crenças, esses crentes acham natural criticar crenças alheias. Todos os religiosos rejeitam dezenas de milhares de religiões como absurdas, pelo que eles não perdem nem um minuto sequer de sono. A diferença entre crentes e mim é, então, ínfima: rejeito só uma religião a mais que eles.
Se o Cristianismo é a crença que mais disseco, isso se deve ao simples fato de eu ter sido cristão e ele não só ser a maior religião do mundo como também a mais seguida por ocidentais. Não faz muito sentido escrever livros sobre as irracionalidades, por exemplo, do Islã onde essa religião é praticada por uma minúscula minoria. Na verdade, nem é preciso, pois todas as religiões se resumem nisto: acreditar na existência de coisas de que não se tem evidências. Por sinal, visto serem religiões parentes, uma análise do Cristianismo é quase uma análise do Islã.
Onde não há reflexão, há manipulação. É evidente que religiões se utilizam do medo como instrumento de dominação, primeiro para engodar, depois para impedir a reflexão e consequente desconversão de seus adeptos. Com efeito, toda ideologia que ameaça de castigo quem a rejeita é perversa e merece ser rejeitada. Quem tem medo do Inferno está no mesmo nível intelectual de quem tem medo do Bicho Papão.
Um dos principais objetivos deste livro é mostrar que não há motivos alguns para seguir religiões e que há razões de sobra para ser um livre-pensador.

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