Leia o livro “Perdendo Tempo Com Deus”

de Paulo Bitencourt

Prefácio

Quando o caro leitor terminar de ler esta frase, feche os olhos e pausadamente diga três vezes: “Saber”.
Por mais incrível que possa parecer, crentes em Deus consideram ateus arrogantes. Incrível porque não é preciso ser um gênio para perceber que a verdade é o contrário. Ateus seriam arrogantes porque negariam a existência de Deus, apesar de saberem que ele existe. Ora, é impossível negar a existência do que se sabe que existe. Logo, ateus não negam a existência de Deus. Ateus apenas não creem em Deus. Afinal, por que deveriam? Crer não é saber. Crer pode ser satisfatório para uns, mas não o é para outros. Quando buscam Deus, ateus não só não encontram evidências da existência como até encontram evidências da não existência dele. E quando analisam os argumentos de quem alega ter encontrado Deus, ateus notam as falhas, incoerências, discrepâncias e ilogicidades deles.
Crentes não sabem se Deus existe. Por isso é que têm crença. Por isso é que têm fé. Por isso é que têm esperança. Mesmo assim, dizem que sabem. Constroem templos, batem em portas, escrevem livros e revistas, falam no rádio, televisão e internet, missionam em outros países, prometem proteção, cura, prosperidade, vida eterna e mansão de ouro. Uns inclusive ameaçam de tortura num lago de fogo e enxofre quem não crê em Deus, ou crê numa versão diferente. Outros chegam a se explodir perto de quem não crê em Deus, ou crê numa versão diferente.
Quem, então, é arrogante: quem não sabe se Deus existe ou quem não sabe se Deus existe e mesmo assim diz que sabe?
Como se vê, não acreditar em Deus é a mais pura humildade.
Uma vez que ser ateu nada mais é que não ter motivos para crer em Deus, a um ateu é impossível converter um crente ao Ateísmo. Descrença não tem conteúdo. Se não tem conteúdo, não tem doutrinas. Se não tem doutrinas, não tem ensinamentos. Se não tem ensinamentos, Ateísmo não é uma filosofia, nem ideologia e muito menos religião. Substitua “Ateísmo” por “falta de crença em Deus” e fica evidente que chamar Ateísmo de religião é ridículo. O Ateísmo só é uma “coisa” porque o Teísmo é comum e muitas pessoas acham perturbante não crer em Deus. Ninguém considera não crer no Papai Noel uma filosofia, ideologia ou religião, já que não crer no Papai Noel é a atitude padrão de todas as pessoas com mais de cinco anos de idade. Por conseguinte, não há necessidade duma palavra como Apapainoelismo, pois não há Papainoelismo para contrastar. Ateus simplesmente explicam por que não creem em Deus, e essas explicações levam alguns crentes a refletir. Quando muito, o que ocorre é uma autoconversão à lógica, razão e coerência: o crente reconhece que não há motivos para crer em Deus.
Se o caro leitor é crente, meu objetivo não é convencer você a deixar de crer em Deus. É como se alguém tivesse me perguntado: “Paulo, por que você não crê em Deus?” ou “Você tem algo contra a crença em Deus?”. A resposta é este livro.

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